Venezuela volta a taxar produtos brasileiros e ameaça acordos comerciais

Medida impõe tarifas de até 77% e preocupa exportadores; Brasil busca solução diplomática

A Venezuela decidiu retomar a cobrança de tarifas sobre produtos brasileiros, com alíquotas que chegam a 77%, em uma medida que ameaça o comércio bilateral e pode impactar acordos do Mercosul. O acordo de 2014, que previa a extinção gradual das taxas, deixou de ser respeitado, e os certificados de origem, que garantiam isenção tributária, não estão sendo processados desde 17 de julho.

Os itens mais afetados são farinha, cacau, margarina e cana-de-açúcar, segundo relatos de empresários. O presidente da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio de Roraima, Eduardo Bayma Oestreicher, enviou um pedido de apoio à Embaixada do Brasil em Caracas para intermediar as negociações com o governo de Nicolás Maduro. “A Embaixada do Brasil em Caracas está apurando, junto às autoridades venezuelanas responsáveis, elementos para esclarecer a natureza da situação, com vistas à normalização da fluidez no comércio bilateral”, afirmou a representação diplomática.

O comércio entre os dois países ocorre principalmente por Roraima, responsável por cerca de 70% das transações. Caso a cobrança se mantenha, Argentina, Paraguai e Uruguai também poderão ser impactados, pois possuem acordos semelhantes com a Venezuela. O país está suspenso do Mercosul desde 2016, por decisão do bloco que acusou o governo venezuelano de romper com princípios democráticos.

Em 2024, o Brasil registrou superávit de quase US$ 778 milhões no comércio com o país vizinho, exportando US$ 1,2 bilhão, principalmente em alimentos como açúcar, arroz e milho. Já as importações brasileiras somaram US$ 422 milhões, com destaque para alumínio, produtos químicos e fertilizantes.

As relações entre os dois países têm se deteriorado desde a reeleição contestada de Maduro. A recente decisão também ocorre após o Brasil barrar a entrada da Venezuela no Brics, durante a cúpula do grupo na Rússia no ano passado.

Avatar de Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *